Eu confesso: nunca fui muito fã de jogos no celular. O hardware, até pouco tempo, não se prestava a títulos muito interessantes, e a interface via teclado, para um gamer acostumado a um direcional e um punhado de botões, é horrenda. Quer pressionar múltiplos botões ao mesmo tempo? Dar uma de Takahashi Meijin e disparar 16 tiros por segundo num shooter? Pfft, esqueça.
A coisa mudou de figura quando troquei o velho e surrado Siemens A50 por um aparelho mais capaz (na época um Motorola U9) e pude perder mais um tempo com os jogos pré-instalados. É, até que não é tão ruim assim para alguns tipos de games, como puzzles. Uma troca de aparelho depois e, de posse de um aparelho mais poderoso ainda (um N95 8GB), deu pra ver que os jogos de celular tem seu potencial. Títulos como Asphalt 3 não deixam, graficamente, nada a dever a jogos do primeiro Playstation, e com um pouco de criatividade os desenvolvedores conseguem contornar as limitações dos controles (embora eles ainda estejam longe do ideal).
Mas meu problema com os jogos de celulares é o ato da compra. Não estou reclamando do preço: minha operadora cobra entre R$ 6 (títulos mais antigos) e R$ 10 (lançamentos) por jogo, o que considero justo na maioria dos casos. É menos que um “número 1” no McDonalds. O problema é que a “experiência” é, simplesmente e para ser educado, uma droga.
Vejam meu exemplo: sou cliente TIM com um celular bacana e decidi comprar um jogo. Acessando o site da operadora descubro (via um item pequeno num menuzinho lateral) que o lugar para isso é o TIM Diversão. Opa, vamos lá. Entro na seção de “Jogos Java” (Oi TIM! Que tal simplificar só pra “Jogos”? Mas facilitar pra quê, né?) e… primeiro problema: não tem busca! Se estou procurando um título específico (por exemplo: um Tetris ou Paciência) e não sei em que categoria ele se encontra, estou perdido.
Mas tudo bem, vamos fazer de conta que encontrei logo na página de lançamentos um título legal. Spore? Oba, manda ver. Clico no carrinho… (um ícone microscópico de 15 x 11 pixels, e quem tem monitor com uma resolução decente que se dane!) e vejo duas opções de compra: download por TIM Torpedo ou pelo site, informando o número do telefone (com DDD) e senha cadastrados no site. Em qualquer caso, o valor correpondente ao jogo é cobrado na fatura no fim do mês, o que é prático pra mim e conveniente pra operadora, já que isso facilita compras por impulso.
Vamos de torpedo. Basta mandar o código do jogo para o número informado no site e aguardar um SMS com o link para download. Escrevo a mensagem e… ERRO! O aparelho me diz que foi “impossível enviar a mensagem”. E isso com vários aparelhos (já acontecia com meu Motorola) e linhas (acontecia antes de eu mudar o número). Bom, paciência. Vamos tentar o outro método.
Fazer o cadastro é fácil. Basta informar o número do aparelho e uma senha. Preencho os campos e… ERRO! O site me diz que o número do telefone é inválido. Gozado que é o mesmo número que eu uso para fazer e receber várias ligações, todos os dias…
Qual minha alternativa? Ficar chupando o dedo. Os sites das produtoras de jogos não oferecem nenhuma opção de download direto dos games, embora algumas, como a EA Mobile e a Gameloft, ofereçam a opção de enviar um link para download do jogo via SMS. Não preciso dizer que isso também não funciona: o tal SMS nunca chega, e novamente com múltiplos aparelhos, linhas e formatos de número (só o número, DDD + número, código internacional + DDD + número e por aí vai).
Mas olhe só que curioso: enquanto minha operadora dificulta ao máximo o que deveria ser o prazeroso (pra mim) e lucrativo (pra ela) ato de jogar no celular, tem gente que facilita ao máximo. Basta uma busca por “jogos celular” no Google para encontrar, logo na primeira página, vários sites que oferecem os mesmos jogos das operadoras, em versões para múltiplos aparelhos, para “download gratuito”. Basta saber a resolução da tela do seu celular. É ilegal? sim. Imoral? com certeza. Engorda? se você passar muito tempo parado jogando, talvez. Mas depois de passar pelo calvário acima para não conseguir o jogo desejado, o usuário com certeza vai achar o linkzinho apontando para o download gratuito muito tentador.
Caras operadoras, vou simplificar a história para vocês: tudo o que eu quero é folhear um catálogo com os jogos disponíveis, clicar no que me interessa e recebê-lo em meu aparelho sem deixar o conforto de minha casa. E eu ainda estou disposto a pagar o preço que vocês definiram pelo jogo, sem resmungar! Sinceramente, será que estou pedindo muito?
Pior que é desse jeito mesmo… E tem mais… Nas raras vezes que eu consegui comprar um jogo pela TIM, o mesmo não funcionou no meu aparelho… O único jeito que eu achei de conseguir um jogo honestamente é pela opção “Mais Jogos” existente em muitos jogos, principalmente da Gameloft.