#! [Crunchbang]

Há tempo não uso mais o Linux como sistema operacional em minhas máquinas. Em 2005 migrei para o Mac OS X em meus computadores domésticos (como fizeram muitos colegas dos tempos de Conectiva), e profissionalmente uso o Windows desde 2008.

Na verdade acredito que o “sistema operacional” é cada vez menos relevante. O que importa são os aplicativos que uso para realizar as tarefas do dia-a-dia, e no meu caso boa parte deles está na web. Pra que gastar 20 GB de espaço em disco com Windows e Office quando uma janela do Google Docs me atende da mesma forma? E uma boa experiência recente com um Chromebook em um review para a PCWorld reforçou esse ponto de vista.

Foi quando terminei o review do Chromebook e voltei a usar meu PC “velho de guerra” na redação que notei o “peso” de um sistema e apps tradicionais. O tempo de boot, a demora para abrir o Outlook 2013, os engasgos no streaming de áudio sempre que eu trocava de app ou abria uma nova aba no navegador. Isso num PC com um processador Core 2 Duo Dual Core de 1,6 GHz e 4 GB de RAM.

Daí pensei em procurar um sistema mais “leve”, que me oferecesse a agilidade do Chrome OS. Há uma versão não oficial do Chrome OS (baseada no código Open Source) distribuída por um hacker conhecido como Hexxeh, mas a última compilação foi em abril deste ano, e em testes que fiz anteriormente a compatibilidade com o hardware e a estabilidade deixaram a desejar.

Pensei em uma solução baseada em Linux e foi aí que tropecei no Crunchbang, uma distro baseada no Debian e no gerenciador de janelas OpenBox. O bichinho VOA! A imagem ISO tem cerca de 750 MB, instalei em um pendrive de 2 GB que estava no fundo da gaveta usando o Universal USB Installer e fiquei impressionado.

É um ambiente pra lá de minimalista. Desktop sem enfeites e efeitos e um conjunto limitado de aplicativos, mas tem o que eu mais preciso: um navegador, um editor de texto “puro”, gerenciador de arquivos e um terminal com acesso aos repositórios do Debian pra instalar algo que porventura esteja faltando.

Uma sessão típica no Crunchbang

Uma sessão típica no Crunchbang

A parte impressionante é o desempenho: estou com o editor de textos, um terminal e o Firefox com 13 abas abertas, entre elas sete apps (Sky.FM fazendo streaming de áudio, Tweetdeck, IMO Messenger, Feedly, Outlook Web, o editor e imagens Pixlr, a ferramenta para envio de arquivos para meu CMS e Google Docs), dois documentos do Docs e duas abas “normais”, e o consumo de CPU é de no máximo 30%. RAM? 1.5 GB usados de 4 GB no total. E levem em consideração que o Live USB do Crunchbang monta o sistema de arquivos em RAM (as mudanças não são salvas em um reboot), portanto parte da memória na verdade está sendo ocupada por alguns extras que “instalei”, como extensões do Firefox e o Java. Engasgos? Abusei da máquina o dia inteiro e não vi nenhum.

Não recomendaria o Crunchbang para um “usuário final”, já que ele não é tão amigável e fácil de usar como o Ubuntu ou Linux Mint, mas para quem procura uma distro leve e rápida para ressuscitar um PC antigo, e não tem medo de mexer um pouquinho no terminal, ele parece uma ótima opção. Não vou trocar o Mac OS X de minhas máquinas pessoais por ele, e infelizmente não posso me livrar completamente do Windows no trabalho, mas a distro ganhou um espaço no pendrive que carrego sempre comigo para emergências.

Dicas

Aproveitando o espaço, alguns truques que aprendi ao longo de dois dias com o Crunchbang:

1) Ajustar o layout do teclado para ABNT2: Tecle Win+T para abrir um terminal e digite:

setxkbmap br

2) Ajustar o fuso horário: abra o terminal e atualize a lista de repositórios digitando:

sudo apt-get update

Agora instale um cliente ntp:

sudo apt-get install ntpdate

Ajuste o fuso horário com:

sudo dpkg-reconfigure tzdata

E siga as instruções na tela. Quando terminar “mate” o servidor ntp:

sudo killall ntpd

E atualize a hora usando o ntpdate

sudo ntpdate pool.ntp.org

3) Instalar o Java: o navegador (Iceweasel) vem com Flash, mas sem Java. E para mim Java é essencial. Se esse é o seu caso, abra um terminal e digite:

sudo apt-get update
sudo apt-get install default-jre icedtea-6-plugin

4) Instalar o Google Chrome: abra o terminal e digite:

sudo apt-get update
sudo apt-get install chromium

Lembrando: se você estiver rodando o Crunchbang a partir de um pendrive, nenhuma destas alterações será mantida após um reboot. O que pode ser bom, dá pra experimentar sem medo de danificar o sistema.

21 thoughts on “#! [Crunchbang]

  1. Testei neste fim de semana rodando do pen drive as versões de 32 e 64 bits. Ele voa mesmo! Bem leve e bem completo para um sistema enxuto. A instalação base dele está perfeita, é só instalar seus programas favoritos e tá pronto.

  2. Por que você usou o ntpdate, ao invés do próprio ntpd? O daemon faz o pooling periódico, enquanto que com o ntpdate você precisa fazer isso manualmente ou via cron.

  3. Olá Rigues! Achei interessante o seu experimento. Às vezes eu preciso ressuscitar um pczinho mais antigo e esse tipo de blog é sempre uma mão na roda. Mas eu não posso deixar de registrar o meu estranhamento quanto a configuração do seu PC: ele não é fraco.
    Eu tenho um MacBook preto C2D com 4g de RAM e o OSX roda muito liso. Eu falo do OSX pq ele se encaixa na descrição de SO tradicional e pesado. Ok o hardware da Apple também é sempre uma ajuda. Mas outros computadores com configuração parecida não vi tais problemas. A não ser quando havia problemas de drives, crepwares, ANTIVIRUS, essas tranqueiras. Mas nesse caso, nem o novo Mac Pro roda bem. Usarei suas informações em pcs com com a seguinte configuração: Athlon XP @ 1600 Mhz e 1G de RAM.

    Um C2D ou um i3 não é tão defasado assim. O Java não deve ter piorado tanto.

    Para se ter uma idéia, até pouco tempo atra eu usava um Pentium D @ 3Ghz e 4G de RAM rodando um Windows 7 64bits lisinho. Em contra partida o ubuntu nunca rodou liso nesse computador. E só troquei de computador pq ele queimou.

    O seu computador não é fraco.

  4. Eu acho seu site muito interessante, o único problema é que fica vários meses sem atualização. Eu queria ver se você ia falar também sobre o Firefox OS, o novo sistema da Mozilla.

  5. Acho que se o site tivesse uma página sobre quem você é, as pessoas não ficariam tentando te convencer sobre Linux e te ensinando sobre SSD 🙂

    Gostei da idéia, porque também acredito que o sistema operacional tem perdido a importância (estou esperando o HP 11 Chromebook voltar, e quero viajar pra buscar um).

    Apenas o que me prende é a necessidade de imprimir e a dificuldade que tive (há tempos) em distribuições enxutas – você chegou a testar no Crunchbag?

    • Mas tem um “Quem é o Rigues?” no menu lateral 😛

      Quando à impressão não testei: raramente preciso imprimir alguma coisa em papel. O HP Chromebook 11 também me interessou bastante, mas pelo que li o Acer C720 tem desempenho melhor por preço menor. Embora não tenha o mesmo design legal e o carregador mega-conveniente.

  6. Já fui mais defensor do Crunchbang, mas depois de um tempo usando ele com uma mentalidade similar a sua, vi que não usava muita coisa que ele providencia (ex.: prefiro utilizar a interface web do cups ao aplicativo que o crunch providencia). Por isso, acabei fazendo instalações minimas do Debian usando DE’s alternativas, como DWM, Awesome, I3, etc…

    O melhor resultado foi uma combinação de I3 + Liquorix Kernel + Dmenu (que o crunch bang já utiliza). Tive quase a metade do consumo de memória que tinha no crunch na época, com uma ótima responsividade, recomendo tentares quando tiver tempo.

  7. Estava lendo lá no Br Linux e achei bacana ser você um dino do Linux, mas extraviou-se( sei que é pelo sustento) para as bandas do lado negro da Força, rsrs.
    Uso o Ubuntu desde o 6.06 antigamente em dual boot, mas um certo tempo após, somente Linux, fujo do Windows, do Mac até acho bonito, mas é muito amarrado para meu gosto.Existe um tópico no Fórum do Ubuntu em que a turma bota o pc para voar, não fiz o que sugere lá, pois, estou dando um up aqui no pc que já tem um AMD com 2 cores, 4 gb de RAM, agora penso em comprar um SSD.

    http://ubuntuforum-br.org/index.php/topic,29799.0.html

    Tudo de bom!

  8. Conheci o Crunchbang este ano, com ele literalmente fiz chover com um notebook HP antigo com HD IDE de 80Gb e 512Mb de Ram. Concordo com o Rafael do ponto de vista do reaproveitamento de hardware, pra quê investir em melhorias num equipamento obsoleto? Também nos casos (como a máquina do trabalho) onde não é possível investir ou modificar o hardware.

  9. Rigues, deixando de lado a questão de qual sistema usar. Eu apoio a sugestão do Nelson em utilizar um ssd. Seja no Windows, Mac, Ubuntu ou Crushbang o ssd é um gasto que se paga em uma semana para quem precisa de agilidade.

    Aqui no meu caso a diferença é mais gritante no tempo de boot e inicialização do pycharm.

    • Pascal,

      Eu conheço os benefícios dos SSDs, uso eles em minhas máquinas domésticas (inclusive a principal, um MacBook Air). Mas não controlo o hardware da minha máquina de trabalho (o departamento de TI faz isso), e simplesmente procurei uma solução que me oferecesse um ganho de desempenho com custo zero. Tá aí.

  10. Certo Rafael, como disse na verdade entendo seu ponto de vista. O que não achei correto no seu post foi essa parte:

    “O tempo de boot, a demora para abrir o Outlook 2013, os engasgos no streaming de áudio sempre que eu trocava de app ou abria uma nova aba no navegador. Isso num PC com um processador Core 2 Duo Dual Core de 1,6 GHz e 4 GB de RAM.”

    Pq fica parecendo que qualquer desktop é assim, quando não é. Isso é um desktop usando ruindows, com pouca memória, link lento e sem ssd. Em uma máquina Linux com hardware razoável bem configurada, nem precisa ser um top-de-linha, não é assim.

  11. Não… pra não precisar ficar amarrado a usar sistemas operacionais ou opções de software obsoletas como esse crunchbag aí e poder estar onde todo profissional de informática deve estar… na crista da onda pra não ficar pra trás de seus próprios clientes.

    • Nelson,

      Não me leve a mal mas… um bom profissional de informática sabe encontrar soluções que atendam o cliente ao mesmo tempo em que minimizam os custos. E posso perfeitamente rodar o Ubuntu 13.10 na máquina onde experimentei o Crunchbang (com bom desempenho), simplesmente procurei uma solução ainda mais leve.

  12. Amigo, até entendo seu ponto de vista, mas… já procurou usar um SO moderno com drive principal e swap instalados em um ssd ? o meu Ubuntu 13.10 dá boot desde a tela da bios até estar pronto pra uso em 9 segudos, inicializa da hibernação em menos de 2 segundos, qualquer aplicação, incluindo o Gimp e LibreOffice abrem em menos de 2s, na primeira vez que abre e roda vídeo em 1080p do youtube sem qualquer delay e ainda carregando na frente. C me diz que a interface web é mais rápida que isso ? é não. Minha configuração: Notebook Dell Vostro i7, 8g, ssd 120, hd 1tb, link 35mb GVT. Esse notebook eu comprei usado no Mercado Livre e paguei R$ 1.755,00 + U$ 154 do SSD e case. R$ 361,82 ao câmbio de hj, portanto um total de aprox R$ 2100. Bem razoável para esse nível de desempenho que qualquer profissional de informática deveria experimentar. O gargalo que faz as máquinas ficarem lentas é o HD. Ponha pelo menos 4gb de memória e substitua o HD por um SSD e qualquer máquina antiga fica parecendo um super-computador.

    • Nelson,

      Vamos ver se entendi: em vez de usar um sistema mais leve e manter o equipamento que já tenho (com custo zero) eu deveria investir em hardware para no final das contas ter o mesmo desempenho? Hmmm… não, obrigado.

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