Sheryl Anne Aldeguer, uma enfermeira de 28 anos, morreu nesta semana na Austrália após ser eletrocutada pelo carregador pirata de seu iPhone: o acessório falhou e permitiu que 240 volts passassem pelo corpo dela. Infelizmente ela não foi a primeira vítima: em julho passado o caso da aeromoça chinesa Ma Ailun, de 23 anos, chamou a atenção da imprensa internacional após ela ter sido eletrocutada ao atender uma chamada em um iPhone 5 ligado a um carregador pirata. E em novembro passado foi a vez de um homem de 28 anos na Tailândia. Adivinhem como ele estava carregando o smartphone?.
Crédito: Ken Shirriff
Carregadores piratas são armadilhas mortais. Já pensou por que um carregador original do iPhone custa R$ 99 e um “igualzinho” no camelô da esquina custa R$ 10? Não é porque a Apple é má e gananciosa, é porque na corrida para reduzir os custos e aumentar a margem de lucro os fabricantes dos acessórios piratas passam por cima de todas as normas de segurança e do bom senso. Eliminam isolamento, usam componentes de baixa qualidade ou inadequados para a tarefa e sequer respeitam normas básicas como a distância mínima entre partes do circuito, para que seus produtos fiquem mais compactos e atraentes. E isso não vale só para os carregadores “de iPhone”, vale para qualquer carregador pirata, USB ou não, no mercado.
Não confia em mim? Então dê uma olhada no blog de Ken Shirriff, funcionário da Google que publicou análises bem detalhadas do que há dentro de carregadores piratas para o iPhone e para o iPad, apontando quais as principais falhas de segurança e comparando-os com os originais. Os artigos são bastante técnicos em algumas partes, mas mesmo quem não entende de eletrônica será capaz de compreender o perigo.
E mesmo que você não tome um choque mortal em um carregador pirata, há outros riscos. Eles podem superaquecer e causar um incêndio, e os circuitos extremamente simples e ineficientes consomem mais do que deveriam (e você paga a conta). Além disso eles entregam ao smartphone uma corrente elétrica “suja”, cheia de ruído e picos de tensão que podem afetar a vida útil da bateria e até o funcionamento da tela de toque. Citando Ken:
You might wonder if the power quality actually matters. The biggest impact it has is on touchscreen performance. The interference from bad power supplies is known to cause the touchscreen to behave erratically. If your screen malfunctions when plugged into a charger, this is probably the cause.
Você pode se perguntar se a qualidade da energia realmente importa. O maior impacto dela é no desempenho da tela do toque. A interferência vinda de fontes de alimentação ruins é uma causa conhecida de comportamento errático da tela. Se ela não funciona direito quando seu smartphone está plugado ao carregador, provavelmente esta é a causa.
É óbvio que você não precisa comprar um carregador Apple de R$ 100. Compre um original da Nokia, Motorola, LG, Samsung ou de qualquer empresa de renome que respeita as normas internacionais de segurança e não está disposta a colocar a vida de seus consumidores em risco por alguns centavos a mais em cada produto vendido. Carregadores piratas são um barato que sai muito caro, afinal uma vida não tem preço.
Pequena história que aconteceu comigo:
Eu tenho um carregador de 10 reais comprado na lojinha de 1,99, que eu usava para alimentar coisas baratas, como umas caixinhas de som que tenho na sala para ouvir música do celular ou iPod de vez em quando.
Essa semana eu notei que o touchscreen do meu iPhone estava se comportando erraticamente, enquanto estava tocando música nas caixinhas (o iPhone não estava ligado em carregador algum, apenas com as caixinhas ligadas na saída de fone de ouvido). Desliguei o iPhone das caixinhas, e o touchscreen voltou ao normal. Liguei novamente, e o touchscreen voltou a falhar.
Eu havia lido este post recentemente, mas pensei “não é possível que a fonte _da caixinha_ esteja afetando o touchscreen através da saída de fone de ouvido!”. Desliguei a fonte da caixinha, e liguei as caixinhas no carregador original do iPhone. Touchscreen voltou ao normal. Liguei as caixinhas no carregador de 10 reais novamente: touchscreen falhando.
Repeti o processo umas 5 vezes para ter certeza, e realmente a corrente ruim vinda da fonte que está ligada nas caixinhas de som, consegue afetar o touchscreen do iPhone _pela saída do fone de ouvido_. Se alguém me contasse uma história assim, eu não acreditaria.
240 Volts não é corrente, é tensão.
kkkkk, cada boato de internet :). Quem que acreditaria que um carregador em uma situação totalmente doida, mataria alguém. Estamos no século 21, não existem mais pessoas que possam acreditar nessas impossibilidades físicas…. ou existem?? 😉
Leonardo, não são boatos. Infelizmente são apenas três de VÁRIOS casos muito bem documentados, siga os links. Você pode não acreditar, mas por via das dúvidas siga meu conselho 😉
Olá Rafael, eu fui ligeiramente irônico, porque sei que as pessoas acreditam nessas coisas. Por exemplo, eu não acredito em alienígenas inteligentes na Terra, MAS não posso dizer que é impossível, pois não posso provar. Já casos de morte por eletricidade em casa são quase impossíveis (o quase é que precisa casar eletricidade com água, ou se forem crianças). No caso de carregadores posso dizer categoricamente que são impossíveis, tão impossíveis que a primeira coisa que pensei ao ver a notícia da Sheryl, é que alguém assassinou ela e esta tentando ligar isso com um carregador, o que é um absurdo, fisicamente impossível (não chega nem no “mas as vezes pode acontecer 1 em 7 bilhão”).
Sim, da para calcular que é impossível, e do que é possível acontecer de catastrófico ao extremo com um carregador (pior caso), são fogo na casa por curto, isso sim entre as estatísticas de morte no mundo.